sexta-feira, 14 de maio de 2010

Ocúlos novos.


Comprei óculos novos, esses me permitem enxergar bem melhor. Posso ver de perto, de longe, colorido, preto e branco, no claro e no escuro.
Vejo que as pessoas não são como eu pensava, que os sonhos não são tão bonitos, que os sentimentos não passam de caprichos e que a palavra “preocupação” é muito intima, é totalmente singular e só diz respeito a você mesmo. Meus óculos não são tão bonitos, nem tão modernos, mas me mostram o verdadeiro conceito de cada coisa, sem idealização de pessoas e situações, sem fantasia, apenas a realidade dos fatos.
Pode ser que os dias não me pareçam mais tão claros, mas pelo menos são reais. Pode ser que as pessoas não me pareçam mais tão boas, mas pelo menos são reais. Pode ser que as cores não me pareçam mais tão vivas, mas pelo menos são reais. Pode ser que sorrisos não me pareçam mais tão felizes, mas pelo menos são reais. Pode ser que os sentimentos não me pareçam mais tão belos, mas pelo menos são reais. Pode ser que eu lhe pareça pessimista, mas pelo menos sou real. E toda essa imperfeição é de certa forma muito atrativa para mim. Eu simplesmente cansei de procurar algo perfeito, algo constante.
Eu faço drama, reclamo, crio cenas e diversos papeis, mas cansei de atuar e confesso que me divirto com essa incerteza. Que graça teria se tudo fosse tão certo, se eu soubesse todas as respostas e tudo fosse tão belo como eu enxergava antes dos meus novos óculos?
Hoje enxergo melhor, hoje sei onde piso, mas isso não me impede de viver e ver como eu bem entender, pois para mim, o que importa é fazer valer. E se tudo não for tão belo, não preciso me iludir ou fingir, eu posso fazer ficar divertido, porque ultimamente a diversão me chama mais a atenção que a beleza que se encontra em qualquer momento ou ato. E mesmo não tendo de mim grande valor, mesmo que de maneira discreta se faz presente essa beleza em qualquer cantinho que se olha, porque até a lagrima que escorre de um olhar tem algo de belo.

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